Filme “Poder além da vida” e a filosofia do aqui e agora
Ao pegar esse filme na locadora, pensava eu que encontraria algo espírita ou de ficção científica. Não era. Por fim, encontrei uma metanarrativa da intuição que falava para um homem. Esse rapaz vivia uma vida de festa e mulheres, onde seu apartamento era visitado por moças e a bebedeira com amigos era constante, apesar de ser ginasta olímpico. Ainda novo, não havia participado de nenhuma, porém agora pela falta de sono foi comprar algo em posto de gasolina pela madrugada e encontra um senhor misterioso, que lhe dá lições de sabedoria. A vida do rapaz se vê transformada, com novos paradigmas e uma nova cosmovisão. O senhor faz espécie de magia, estando hora no solo e noutro momento no teto do ponto, o que surpreende o rapaz, que vai embora perplexo.
Vida de muito treino e certa diversão, nada faria o ginasta olímpico mudar a não ser encontrasse alguma crise maior em sua vida. Ele volta ao posto e recebe lições de sabedoria do seu novo amigo mais velho, que parece um pai que o moço não possui. Chama-o de Sócrates e este o ensina de começo perguntando se ele é feliz. Isso me lembrou Aristóteles e mesmo um certo toque de Epicuro, mas por fim o rapaz acabou levando uma vida mais casta, parando de exagerar em seus hábitos e evitando bebida e sexo desenfreado, costume já usual. Assim passa por uma séria de testes de humildade e parece também desenvolver poderes psíquicos, como projeção astral e leitura de pensamentos. Começa a perceber o que amigos pensam, e seu pessimismo revelado. A lição principal é para ele viver o “aqui e agora”, sem mais nada pensar, e assim fazendo consegue se o melhor no instrumento cavalo com alças, um que não era sua especialidade, haja vista amigo ter se contundido.
Algo inesperado, porém acontece, após a revolta do rapaz com seu mestre, de modo que sofre acidente de moto, após nova farra. Isso nos leva bem a lição de moral, não de viver a vida, mas do excesso. Nenhum excesso e bom, segundo Aristóteles. E muitos filósofos falam na temperança, o que não parecia existir nesse jovem atleta. Assim prestes a ir a Olimpíada,acontece de ele ficar inválido e desenganado pelos médicos. Tenta se suicidar, ao subis na torre de uma igreja. Volta de bengala a procurar apoio e só encontra em seu velho amigo, no Sócrates. Voltou a treinar em argolas que foram construídas em sua residência, e assim com muito esforço consegue dar a volta por cima. Uma lição de vida que reflete o autor do livro e personagem real da história. Nos extras ele fala que ampliou um pouco os diálogos.
O filme nos leva a crer que há algo superior que encontramos na concentração, numa conduta bem afastada daquela da nossa vida moderna, com seu hedonismo desenfreado. E o atleta não compete por medalhas, mas para vencer no seu destino, para viver cada momento como se fosse único, e perceber as coisas cheias de plenitude, a vida que rodeia com suas maravilhas, antes despercebidas. Um bom filme para elevar o astral. Boa fotografia em cenas finais e efeitos de surpresa e de mudança de narrativa, o que dá mais movimento ao drama. Bom para quem gosta de algo diferente e que faça pensar, não apenas para acompanhar a pipoca e refrigerante em divagação irracional. Um atleta sempre revela uma história de superação, mas muitos se desviam do caminho e sofrem grandes quedas, piores que as quedas em sua atividade esportiva. As quedas de espírito são as piores. E viver a totalidade do momento faz com que se perceba o Todo, que dá poder e sucesso.