Seja bem vindo, mistico buscador!!!!

Acompanhe minhas postagens e aprenda o caminho para a luz e para o conhecimento oculto



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Carnevale e sua mística

Carnevale

        
Período e festividade que antecede a quaresma, esta última que vai até a Páscoa. O carnaval era chamado de entrudo pelos portugueses e consistia em jogar coisas nas pessoas que desfilavam, tipo tinta, água, farinha etc. Significa festa da carne, e em princípio era uma festa religiosa. Alguns entendem que era período que antecede a cólera de Deus, e por isso um momento para “aproveitar”. O motivo é óbvio: na quaresma se passava 40 dias em abstinência da carne (e parece que muitos também do sexo...), para cristãos, e ainda a quarta-feira de cinzas é clara representação da morte. É preciso assim aproveitar a vida antes dessa morte simbólica. Daí que são  importantes essas coisas para o iniciado.
         Mui semelhante a festas pagãs, o carnaval é aqui no Brasil a nossa marca registrada, e se eu falar que sou filósofo, certamente algum estrangeiro achará que sou festeiro em meus pensamentos. Pensando em divindades de fertilidade, fica claro que alguma festa com bebida e sexo havia, e muitas pessoas fazem isso todo o fim de semana, sem comemoração alguma. Então para o profano há apenas aí uma curtição e farra, enquanto que para quem compreende tradições ocultas há sim comemoração e de certas energias cósmicas, especialmente venusianas. Mas não acontece em mês de maio, o que nos leva mesmo a outras festividades que não puderam ser extintas pela Igreja, mas apenas adaptadas. Assim como deuses adaptados em santos e datas outras, vemos que o carnaval acabou sendo útil para anteceder a quaresma. Acontece que hoje devem ser poucos que “guardam” a quaresma nesse sentido de jejum e abstinência, e as pessoas vivem em “festa da carne”, não tendo mais sentido a festa, a não ser para a alta classe desfilar fantasias caríssimas e atores aparecerem na TV. A competição de escolas de samba é já uma arte, e talvez seja o que salva a identidade brasileira frente ao mundo, que é o carnaval.
         De longe essa festa sempre me lembrou bacanais e orgias dedicadas a deuses como Dioniso, Baco e outros semelhantes. Também sabás medievais me são aqui bem claros, pela libertinagem e liberdade desse momento. Não devemos julgar moralmente tais feitos, uma vez que enquanto não há culto, há apenas uma festa da carne, talvez inocente. No oriente existia algum ritual tântrico talvez que se assemelhasse a essa festa, mas claro que de mão esquerda. Mas com a sexualidade banalizada e o profano substituindo qualquer forma de sagrado, seja cristão ou neopagão, não vemos mais que uma festa semelhante a outras festas. Não tem a proibição dos sabás das bruxas e nem tem a compensação que antecede a quaresma. Aqui no sul do Brasil, em cidade de colonização alemã e polonesa, nem ao menos há carnaval. As pessoas aproveitam para descansar, porque trabalham por aqui muito, e ainda outros passeiam para a praia, para se bronzear e aproveitar depois a sua carne. O que há de semelhante ao carnaval por aqui é a festa do rock em Rio Negrinho, onde alguns também tiram a roupa, e a festa vai por 4 dias sem parar e com muita bebida.
         Nas festas das bacantes, que cultuavam a Baco, havia toda a ausência de regra, e parece que também algum lesbianismo. Na terra de Safo e suas seguidoras, bem como de toda o gosto de mesmo gênero, não há de se estranhar que algumas moças se divertissem mais do que o limite. Isso regado a muito vinho, só poderia resultar em algum bacanal. Vemos ainda em certas sociedades secretas a referência a essa dinâmica de Afrodite, claro que de uma deusa negra, mas mais realista e material. O carnaval é assim talvez o resquício de muitos costumes que adaptaram partes dessas iniciações que claro tinham em origem motivo religioso, mas que com o tempo foram perdendo o significado. Com a Igreja e suas fogueiras, restou apenas alguns dias para justificar e compensar a quaresma, que são 40 dias para preparar-se para a Páscoa (ressurreição de Cristo). Por outro lado, as iniciações a Baco e Dioniso também requeriam certa transcendência, mesmo que fosse uma provocada pelo vinho e pelos sentidos. E festas pagãs parecem ter entrado, com suas fantasias (máscaras), e todos os outros paramentos coloridos e simbólicos. Trocas de papéis também eram feitas, como o rei vestir-se de vassalo e o vassalo de rei. Mas 40 dias tem grade significado bíblico e ainda iniciático.
          Pessoalmente vejo que esse ano para mim se inciou como um carnaval. Não pensava eu que buscasse ainda algo de Afrodite com tanto empenho, mas vejo que devido a certos fatos, comunguei com a deusa, equilibrando a taça com a espada. Também é fato que houve uma união alquímica e que assim fui encaminhado no mercúrio filosofal, e que ainda a matéria bruta se tornou um elixir dedicado a momentos de eternidade ou samadhi. No mais estou quase adepto de alguma gnose que foi por tempo perdida, e que aos poucos desejo encontrar, para conversar com agatodaimon (e controlar cacodaimon). O carnaval para mim antes não fazia sentido, mas por algo que me guiou esse ano, poderei contemplar esse fogo abrasador que não se apaga no templo, porque apaga-lo é cometer sacrilégio. Esses já esquecidos adeptos do fogo-luz agora ressurgem naquele que na terra do carnaval nasceu. O Logos surge interno e fala com uma espada de dois gumes, e seus olhos são chamas, e seus cabelos de coroa de luz, e é mesmo escrito seu nome no livro da Vida. O Sol está em sintonia com a Lua, e o Rei se abraça com a Rainha. Carnaval é assim apenas uma visão profana e distorcida desses mistérios.